Porque não podemos voltar
Aos tempos de nosso amor,
Quando tudo era amar,
E amar não era dor.
Lembro do cheiro fétido,
As luzes, o cabaret, os sons da noite parisiense,
O repulso dos cléricos,
E teu sorriso indiferente.
Naquele tempo não havia
O "Puro" ou o "Imoral".
Tudo que eu sentia
Era um desejo carnal.
Seu corpo enquanto dançava,
A própria vênus teria inveja.
Seus olhos brilhavam
Num tom de impureza.
Lembro ainda do primeiro
Toque da minha pele junto a sua.
Num motel imundo, à luz d'um isqueiro,
A suavidade de sua pele nua.
Uma noite em que o conceito de "Puro"
E "Imoral", já não existia.
Dois seres unidos no escuro,
Homem e mulher, era tudo o que havia.
Ainda pesa em minha memória
Aquele teu último sorrido matinal.
Antes de voltar à escória
Da cidade luz, de uma escuridão -Ironicamente- anormal.