O sol já se encontrava bem alto no céu, quando, por entre as sombras retas das videiras ouviu-se um grito:
-Nãããããããoooo!!! -
Imediatamente, toda uma tropa de valquírias apareceram no local, lideradas por Randgrior, para inspecionar o ocorrido.
-Quem grita? - Indagou Randgrior com a espada em punho.
- Céus, como eu sou idiota! Como pude fazer isso? - Dizia a voz alterada.
-Espere... Luka? É você? - Disse Randgrior confusa.
-Infelizmente sim, cada pedacinho deste lobo burro! - Retrucou aos berros Luka.
-Porque você está gritando? Me fez mover toda uma tropa por nada, e porque não voltou para junto de sua amiga? -
-É exatamente por isso que eu estou gritando! Acabei por dormir e perder a passagem do primeiro raio de sol da manhã. - Gritava Luka furioso.
-Calma, nem tudo está perdido! - disse Randgrior enquanto mandava as valquírias de volta à suas atividades vinículas. - Sempre tem o amanhã. -
- Eu teria que passar mais um dia aqui. A Rose vai achar que eu a abandonei. -
-Se ela for realmente como você me falou, sei que ela vai esperar por você, e além disso, não adianta chorar sobre o leite derramado. Amanhã você vai. Hoje que tal conhecer a vinícula de Freya? - Perguntou Randgrior sorrindo.
-É né...Que mais posso fazer? - Respondeu Luka.
Assim os dois se dirigiam ao grande castelo, no centro de um feudo cercado por muralhas gigantescas, e com uma porta igualmente gigante.
-Eu não entendo... - Disse Luka.
-O que Luka? -
- O tal do Nereu, me disse que este lugar era um cemitério dos grandes guereiros... Mas é aqui que vocês, valquírias, fazem também o vinho divino? -
- Hmm, deixe-me te explicar. - Disse Randgrior - Estas terras são abençoadas por Freyr,pois é dela que os melhores frutos devem ser colhidos. Em especial dentro do feudo e nos campos em volta, onde você estava. Mas além da linha dos campos, além das colinas, há o lugar onde os elfos de Freyr enterravam os corpos dos grandes guerreiros, para que suas almas protegessem o lugar. Apenas os mais fortes e leais estão esterrados naquele cemitério. - Explicou a valquíria.
- Entendo... Mas as almas dos guerreiros realmente desistem de Valhala para passar a eternidade protegendo esse lugar? - Indagou Luka.
- Não conheço os detalhes, mas acredito que Freyr dê alguma recompença...- Respondeu Randgrior.
- E Nereu? Que ele faz lá? -
-Aquela velha topeira está lá desde que a yggdrasil brotou. Ele sabe metade de tudo que há para saber. Melhor não se meter com ele. Dizem que ele tem contato direto com o próprio Odin.- Respondeu ela. - Bom, chegamos, seja bem vindo ao Feudo de Brynhildr.
Luka olhou maravilhado para o que parecia uma imensa estátua flutuante de Freya. Ao redor, dúzias de fontes e lagos. Era perceptível o nível do poder divino naquele lugar, e toda a sua atuação. Cada pelo no corpo de Luka se arrepiou quando uma brisa fria passou ao seu lado. Um silfo passava com uma garrafa de vinho em mãos e se dirigia a Randgrior.
-Senhora, aqui está a primeira garrafa de hoje. - Disse o silfo sorridente. - Prove e diga se está à altura dos deuses. - Disse o silfo estendendo sua mão esquerda com a garrafa de vinho e a direita com um cálice.
Randgrior após encher o cálice, tomou o conteúdo lenta e saborosamente, avaliando cada sabor.
-Está aceitável. - Disse ao silfo ancioso.
-Isso é ótimo senhora. Vou mandar que continuem. - Dizendo isso o silfo sumiu com o cálice e a garrafa e mais uma vez Luka se arrepiou.
-Randgrior, porque um silfo trabalha para as valquírias? - Perguntou Luka.
-Ele foi designado por Freya para manter o clima agradável desse lugar, já que Freyr, em seu espírito esportivo, retirou metade de sua benção a esta terra. - Explicou Randgrior.
Após alguns minutos de caminhada, eles chegam à uma grande sala, com gravuras de Valhala em seu teto, e várias valquírias em seu interior. Grandes tonéis cheios de uvas podiam ser vistos de longe e o suave cheiro das uvas maduras, sutilmente tomava o lugar.
Via-se também grandes barris fechados, com torneiras igualmente grandes.
Por algum motivo, tudo alí era feito em grande escala, "provavelmente pelo número de mortos em Valhala" pensou Luka.
De repente, um brilho morno tomou conta de todo o ambiente, e ao longe, uma figura feiminina, se encontrava parada olhando estática para o estranho que fitava-a fascinado.
- Rangrior, quem é este mortal, que aindo vivo pisa em minha vinícula? - Disse a deusa furiosa.

